Manifesto lançado nesta quarta cobra pressão do Brasil na pauta
ambiental.
Para negociador na Rio 92, há tempo de mudar agenda da
cúpula da ONU.
Um grupo de ex-ministros do Meio Ambiente do Brasil, especialistas e
políticos, divulgou nesta quarta-feira (18), em São Paulo, manifesto que
pede ao governo brasileiro mais atenção à pauta ambiental nas
negociações da Rio+20.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, será
realizada em junho, no Rio de Janeiro, e deve reunir cerca de cem
chefes de Estado, segundo o Itamaraty.
Chamado de “Rio mais ou menos 20”, o documento, assinado pelos
ex-ministros Marina Silva, José Goldenberg, José Carlos de Carvalho, o
embaixador e ex-negociador da ONU, Rubens Ricupero, além de outros
nomes, ressalta a urgência da incluir a agenda climática e ambiental nas
negociações, para evitar o risco de que o encontro se torne irrelevante
e configure em um “retrocesso”.
As contribuições, que serão enviadas à presidência da República,
responsável pela organização e condução das negociações da cúpula,
ressaltam que o país “praticamente ignorou” a dimensão climática.
O documento informa ainda que o país “deve se engajar claramente, por
meio de políticas públicas, na agenda de transição para uma economia de
baixo carbono”, com a criação de planos para reduzir as emissões de
gases causadores do efeito estufa.
“Há uma preocupação com a agenda histórica de 1992, com o exílio da
problemática ambiental na Rio+20. O tema não precisa ser colocado em
oposição ao desenvolvimento sustentável (...). Não há como discutir
crise econômica sem discutir a crise ambiental”, disse a ex-ministra e
ex-senadora Marina Silva, em evento realizado em São Paulo.
Da esquerda
para a direita, os ex-ministros do Meio Ambiente José Carlos de
Carvalho, José Goldemberg, Marina Silva, além do embaixador e negociador
brasileiro na Rio 92, Rubens Ricupero, durante debate realizado na FAAP,
em São Paulo.
(Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)
Sem avanços
Para Marina, a sociedade civil não pode ficar “refém da baixa
expectativa” para a cúpula e o governo não pode “enterrar” o tema
ecologia do debate. “Caso contrário, a Rio+20 será como as conferências
anteriores à Rio 92, onde se debatia desenvolvimento sem o tema
ambiental”.
O físico nuclear, José Goldemberg, disse que o argumento brasileiro de
que o encontro não é uma conferência ambiental representa um “atraso”.
Segundo ele, se não der atenção ao pilar ambiental, os demais pilares
que compõem o “tripé” que norteia a conferência, o social e o econômico,
deixam de existir.
O embaixador Rubens Ricupero, que foi um dos principais negociadores da
Rio 92, disse que o Brasil não está assumindo seu papel de anfitrião na
conferência ao limitar suas opiniões no debate com as nações em
desenvolvimento, que compõem o G77 e China.
“O país tem que posicionar melhor sua opinião e não se juntar ao grupo.
Não é mais um debate Norte e Sul”, disse referindo-se ao embate entre
países ricos do Hemisfério Norte contra os pobres do lado de baixo da
Linha do Equador.
Reversão
Para os ex-ministros, há tempo de reverter a agenda da Rio+20, já que deve ocorrer mais duas rodadas de negociação – uma ainda este mês, em Nova York, e em junho, no Brasil, uma semana antes do encontro com os chefes de Estado. “Há muita coisa para fazer e dá para negociar sim, desde que haja vontade e um trabalho conjunto”, explica Ricupero.
Para os ex-ministros, há tempo de reverter a agenda da Rio+20, já que deve ocorrer mais duas rodadas de negociação – uma ainda este mês, em Nova York, e em junho, no Brasil, uma semana antes do encontro com os chefes de Estado. “Há muita coisa para fazer e dá para negociar sim, desde que haja vontade e um trabalho conjunto”, explica Ricupero.
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